quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Refletindo o mundo atual, o mal estar social do consumo


Como já dizia o sociólogo Émile Durkheim quando antes de nascermos já existem centenas de regras, e estas nos serão impostas quando nascemos e, portanto, é compulsório segui-las sob várias penas se nos desviarmos, mas ao mesmo é normal nega-las faz parte da vida em sociedade.



No mundo de hoje onde deixamos de ser homo sapiens para seremos o homo consumens existe uma grande apatia, letargia, ou seja, estamos mergulhados em sono profundo manipulados, bombardeados pelos meios de comunicação de massa que nos empurram todas e quaisquer formas de consumo como se fossem naturais, inquestionáveis.

Somos levados a entender a opressão como algo comum, uma fatalidade que não deve jamais ser questionada, ela deve ser aceita, pois as relações humanas são assim e a desigualdade é uma condição inerente a esse sistema. Não existe democracia e também não possível a sua existência nessas condições.

Quando você pensa o sistema e devolve a sua reflexão em forma de críticas pesadas ou não você é taxado de louco. Se você não concorda com o sistema então não pode consumir marca “y” ou marca “z” segundo a tropa de choque profundamente adormecida. Para essas pessoas você não pode ter uma postura crítica, ou seja, consciência dos problemas da sociedade e querer a resolução que beneficie a toda sociedade.

Vive-se hoje um tremendo mal estar oriundo dessa estrutura opressora do ter para ser. Governos perderam a sua autonomia, os valores morais se dissolveram, as instituições se desmancharam no ar, as pessoas perderam a suas referências. Outro dia estava assistindo Na Natureza Selvagem, filme inspirado na obra de mesmo título escrito pelo jornalista Jon Krakauer, que se inspirou nos diários de viagem de Christopher McCandless, um jovem formado, que chuta o balde e caí na estrada para viver livre da sociedade de consumo.

Essa aventura inspirada por Thoreau e o seu Walden, o pioneiro a fazer essa experiência visando deixar para trás a vida em sociedade e o sua finalidade máxima, o materialismo fútil e estúpido, levou muitos outros a fazer o mesmo caminho e aponta uma luz, uma saída para cegueira da sociedade. Será que precisamos consumir irracionalmente, ou seja, além de nossa necessidade como se fosse à finalidade máxima de nossas vidas? 

Karl Marx já apontava em seu magnus opus, o Capital,  que o capitalismo é um sistema contraditório em suas bases e que o mesmo acabaria por corroer as suas próprias estruturas através da precarização em nome do lucro ganancioso e inescrupuloso. Outro fator apontado para a libertação do ser humano seria emancipa-lo tornando-o consciente de sua condição onde este passaria a ser um sujeito histórico capaz de mudar a sua condição. 

Hoje os governos andam junto com os capitalistas e são dominados pelas regras cruéis e desumanas do mercado onde uma restrita minoria tem acesso farto a riqueza e aos produtos provenientes dela e do outro lado a maioria que se divide em classe média, pobres e miseráveis tem esse acesso de acordo com a sua capacidade econômica. Direitos são esmagados, negados em nome dessa pequena minoria que governa, reina sobre a terra colocando nações inteiras de joelhos transformando cidadãos em escravos. 

Assim sendo não é difícil entender protestos de rua, não é difícil entender pessoas chateadas abandonando o sistema caindo na estrada para viverem apartados desse sistema injusto. É natural compreender porque Christopher McCandless e Thoreau influenciem tantas mentes no mundo de hoje que buscam uma resposta, uma alternativa frente as desilusões que o mundo dá de presente.    

Se olharmos pela capacidade que a natureza oferece, o impacto ambiental e as consequências já visíveis no modo de vida que em breve será compulsoriamente alterado para não haver catástrofes maiores. Então já passou da hora de abrir a mente e começar a pensar e questionar o que realmente importa, o que realmente interessa para satisfazer as nossas necessidades reais e não irreais, fúteis, vazias.  

No século XIX, o filosofo alemão afirmara que o ópio do povo é a religião, mas hoje o ópio do povo é o consumo, pois é ele quem regula as relações humanas em todas as instâncias. Para tudo existe uma saída, uma solução, mas será que as pessoas estão dispostas a fazer sacrifícios em nome de sua própria liberdade? É para se pensar não é verdade? 
   




Nenhum comentário:

Postar um comentário