"É noite, a lua sonha
ainda mais preguiçosa;
Tal como uma beldade em
muitos travesseiros,
Que afaga com a mão
distraída e dengosa,
Antes de adormecer, o
contorno dos seios,
No dorso acetinado das
moles nevadas,
Moribunda, se entrega a
longas aflições,
E lança o olhar a brancas
visões já passadas
Que sobem pelo azul tal
como florações.
Às vezes nesse globo, em
seu langor passiva,
Ela deixa escorrer a
lagrima furtiva,
Um poeta piedoso, do sono
inimigo,
Na palma da sua mão pega
essa gota rala,
De brilhos irisados,
fragmentos de opala,
E a põe no coração, do
olhar do sol ao abrigo."
Fonte: BAUDELAIRE,
Charles. As flores do mal. Tradução: Mario Laranjeira. São Paulo: Martin Claret,
2011.
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