domingo, 10 de agosto de 2014

As tristezas da lua por Charles Baudelaire


"É noite, a lua sonha ainda mais preguiçosa;
Tal como uma beldade em muitos travesseiros,
Que afaga com a mão distraída e dengosa,
Antes de adormecer, o contorno dos seios,


No dorso acetinado das moles nevadas,
Moribunda, se entrega a longas aflições,
E lança o olhar a brancas visões já passadas
Que sobem pelo azul tal como florações.

Às vezes nesse globo, em seu langor passiva,
Ela deixa escorrer a lagrima furtiva,
Um poeta piedoso, do sono inimigo,

Na palma da sua mão pega essa gota rala,
De brilhos irisados, fragmentos de opala,
E a põe no coração, do olhar do sol ao abrigo."

Fonte: BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Tradução: Mario Laranjeira. São Paulo: Martin Claret, 2011.






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