terça-feira, 12 de agosto de 2014

Reflexões de um hospede da casa sagrada.


Hoje já estou com 38 anos no lombo e já sou considerado um tiozão pelos mais novos, mas foda-se porque se você não morre jovem chega aqui também e se for assim que seja em boas condições mentais. Hoje quando a garotada fala de rock perto de mim, de ecletismo, eu para enfatizar esse termo com todas as letras e ainda por cima garrafais, em caps lock retiro da mente, da minha estante de discos, o Houses of the Holy, do Led Zeppelin.


Veja só camarada, esse disco é inteligente em cada detalhe porque nele você encontra o rock, o blues, o folk, o reggae e o funk também marca sua presença na bolacha. Um disco de fato inédito na carreira do grupo pela ousadia em fazer uma mistura, digamos, uma salada de texturas sonoras bem originais.

Uma banda se destaca quando ela pega o que tem em mãos e transforma em algo singular, ou seja, ainda não digerido, não contemplado por ninguém e leva essa diferença a níveis que se equiparam ao divino em sua especialidade. Imagine uma banda de hard rock cuja bagagem já conta com quatro discos que até ali tenham transado com o folk, o blues originando um som pesado, sentimental jogar na cara larga um reggae de autoria própria com uma roupagem bem rock.

Imagine um funk cheio de groove de The Crunge te pegando pela orelha para você dançar. Quando você pensa que está tudo bem e que vai poder voltar a sua zona de conforto dá de cara The Songs Remains the Same que te coloca em estado de alerta num campo hippie florido em qualquer sonho com piscinas de água quente cheia de garotas gostosas em Calcutá. Tudo parece conspirar em The Rain Song, mas se é contra ou favor de alguém, algo ou qualquer outra causa que não seja o amor é difícil de entender que não, com aquele clima de dias frios que pedem um lareira, uma garrafa de vinho e uma garota de quem você está muito afim, pois é a música perfeita para os amantes.

Over the Hills and Far Away é para você cair na estrada sem preocupações e curtir a viagem com um belo sorriso no rosto. Dancing Days é para animar os dias meio sem graça e para se lembrar que sempre existe algo de bom que te faz crescer em meio aos problemas. No Quarter é aquela progressiva com aquele clima místico perfeita para viajar no paraíso construído na fumaça.

Houses of the Holy é um disco místico, cheio de surpresas que fascinantes, viciantes que entorpece a mente dos ouvintes, aponta caminhos divertidos um poucos lúdicos, lúcidos e sem pressa de chegar porque de uma forma ou de outra você irá encontrar as suas respostas, ele se equipara ao café de Van Gogh e lembra que a música e suas notas podem levar um homem a loucura e inclusive a cometer crimes, mas principalmente a desejar e coloca-lo em prática na militância por um mundo melhor esse era e ainda é o desejo dos jovens, dos homens e mulheres de meia idade como eu e dos velhos. É o amuleto da casa sagrada de todos nós.

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