Falcatruas
existem em vários lugares e até no rock elas existem, mas não se restringem a
discos ruins, mudanças de formação, ou seja, elas são um detalhe em comparação ao
aconteceu com o Deep Purple em 1980. Perto daquela picaretagem discos ruins ou
mudanças de formação ou mesmo na orientação musical do grupo podem ser
consideradas brincadeira de criança ingênua. São poucos os fãs que sabem dessa
história que fez o integrantes do Deep Purple saírem de suas casas e trabalhos
não para retornar a ativa, mas sim para deter uma falcatrua que seria muito
prejudicial a uma entidade do rock, que sempre primou pela honestidade junta a
seus fãs.
A falcatrua que
vitimou o Deep Purple em 1980 teve o empresário Steve Green, dono da Advent
Talents Associates, uma empresa de especialista em falcatruas, o articulador
dessa força. O empresário fazia a seguinte maracutaia assim: Reunia um ou dois
integrantes de uma banda renomada e colocava junto nome a palavra “New”, o
Stepenwolf, que chegou a chamar-se New Steppenwolf, mas apenas dois integrantes
que passaram pela banda, o baterista Dick Jurgens e o guitarrista Tony Flynn é
que foram membros originais.
Em 1980, o Deep
Purple já havia sido dissolvido fazia seis anos, mas Green queria trazer o Deep
Purple de volta ativa, pois esse retorno causava um enorme burburinho na
imprensa especializada e principalmente nos milhões de fãs saudosos deixados
para trás. O empresário para executar seu plano entrou primeiramente em contado
com Rod Evans, que havia participado da primeira encanação do grupo conhecida
por MK I, e durante essa passagem deixou registrado os álbuns Shades of Deep
Purple (1968), The Book Of Taliesyn (1968) e Deep Purple (1969), todos muito
bem procurados e igualmente bem vendidos, e aceitou participar dessa farsa,
aliás, foi o único, pois foram procurados David Coverdale, Nick Simper e todos
os outros ex-membros banda, mas nenhum deles aceitou exceto Rod Evans, os
outros apesar de estarem encaminhados em seus projetos e bandas não aceitaram
porque jamais protagonizariam um golpe destes.
Seguindo-se
esses fatos eles criaram o “New Deep Purple”, o único integrante original que
aceitou foi Rod Evans e, portanto, foi ele mesmo quem ficou a frente, mas não
ficou sozinho e para a guitarra foi escalado Flynn e para bateria Jurgens os
outros músicos eram desconhecidos, o baixista era Tom de Rivera e o tecladista era
Geoff Emery. O outro passo de Green confiante de que sairia bem sucedido em sua
picaretagem foi registrar o nome Deep Purple, no escritório de patentes ignorando
o fato do nome já ter registro. A banda saiu em digressão pelos EUA e no
México, agendando datas e indecorosamente estampando o nome Deep Purple nos
cartazes dos shows, mas sem a expressão “New”.
Durante essa turnê
realizaram onze shows entre maio e setembro, nos EUA e no México, mas o shows
terminaram mal, pois além de perceber o embuste, a banda tocava muito mal as
músicas e o resultado eram tumultos, pancadarias. O ápice desse embuste
aconteceu em 1980, no Canadá, em Quebec onde durante uma apresentação ao começarem
tocarem Just Mighty Take Your Life, o vocalista disparou: “Esta é uma faixa do
nosso álbum Burn!”, para a plateia aquelas palavras soaram como uma bomba e em
resposta mandaram uma saraivada de vaias e atirar objetos em cima do palco e
para piorar o microfone de Evans pifou ao final da canção. A plateia foi
ficando cada vez mais instável e sem paciência para aturar aquilo e o vocalista
anunciou Space Truckin e nesse momento um dos presentes no show já cegado pela
revolta atirou uma cadeira, que caiu perto da bateria e Rod vazou do palco
temendo o pior.
A banda ficou e
tentou terminar a canção, mas as vaias continuavam cada vez mais altas e mais
fortes e os objetos continuaram a voar para cima do palco, e uma cadeia atingiu
em cheio a bateria, a plateia aplaudiu o ocorrido e o mesmo após, pois a banda
havia retirando-se do palco, mas após dar um pequeno intervalo, Tonny Flynn
voltou ao palco, pegou o microfone e disparou: “quem quiser ver o verdadeiro
Deep Purple está convidado a ficar. O resto de vocês, vão se fuder”. Depois
disso, a situação ficou insustentável e a plateia respondeu com o dobro de vaias
e de objetos obrigando Tony a se mandar para junto dos seus colegas e assim
como eles não voltaram mais, o show foi encerrado.
Só que a lição
do dia 12 de agosto não foi suficiente para Green, Rod Evans e os demais
membros dessa farsa aprenderem que aquilo não daria certo e resolveram continuar e no show do dia 19 agosto,
em Long Beach, tinha uma novidade no cartaz do show, pois nele constava o seguinte: Deep Purple featuring Rod
Evans, indicando que ele era o único membro da banda que participaria do show.
Na parte inferior do cartaz constava que todos os outros membros como:
Coverdale, Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Jon Lord, Glenn Hughes, Roger Glover
e Ian Pace não estariam presentes nesse evento. Na capital mexicana, Cidade do
México, em junho de 1980, o show foi realizado em um estádio de rugby, as
portas e os gols do local foram destruídos. Em outro show nos EUA, no Estado de
Massachussetts, os 300 pagantes tentaram de todas as formas agredir os
integrantes da banda durante o show. Só que essa picaretagem
não ficaria barata para os golpistas, pois os verdadeiros membros do Deep
Purple processaram Rod Evans, o empresários e todos os envolvidos nessa
falcatrua por causa do uso indevido do nome Deep Purple.
O saldo final dessa
história foi que Rod Evans foi o mais prejudicado, pois foi condenado a pagar
seiscentos e cinquenta mil libras e perdeu os royalties sobre os discos que
gravou, mas após esse vexame retirou-se do cenário musical para sempre, dizem que atualmente exerce a medicina. Os prejuízos causados pelos desastrosos concertos realizados pelo grupo
recaíram sobre eles que foram obrigados a indenizar os estabelecimentos
vandalizados devido aos tumultos e consequentes depredações. Na época, o
tecladista, Jon Lord falou sobre o caso com a imprensa e deu a seguinte
declaração: “Evans foi um idiota, eles não se importavam se a coisa mancharia
um nome que levamos tantos anos para construir. Todos ficamos tristes com o caso
e se não tivéssemos brigado na justiça americana por seis meses, eles poderiam
ter gravado com o nome de Deep Purple, o que teria sido a pior das mentiras”. De
fato havia a intenção de ser gravado um novo álbum, que seria lançado em
novembro de 1980, existiam duas faixas intituladas "Blood Blister" e "Brum
Doogie", mas as fitas desapareceram. O Deep Purple original como todos
conhecemos no caso o MK II para a alegria geral da nação de Deep Purple
maníacos só retornaria em 1984, com o álbum Perfect Strangers.
Nenhum comentário:
Postar um comentário