domingo, 8 de março de 2015

Picaretagens no Rock: O dia em que o Deep Purple virou o "New" Deep Purple.


Falcatruas existem em vários lugares e até no rock elas existem, mas não se restringem a discos ruins, mudanças de formação, ou seja, elas são um detalhe em comparação ao aconteceu com o Deep Purple em 1980. Perto daquela picaretagem discos ruins ou mudanças de formação ou mesmo na orientação musical do grupo podem ser consideradas brincadeira de criança ingênua. São poucos os fãs que sabem dessa história que fez o integrantes do Deep Purple saírem de suas casas e trabalhos não para retornar a ativa, mas sim para deter uma falcatrua que seria muito prejudicial a uma entidade do rock, que sempre primou pela honestidade junta a seus fãs.



A falcatrua que vitimou o Deep Purple em 1980 teve o empresário Steve Green, dono da Advent Talents Associates, uma empresa de especialista em falcatruas, o articulador dessa força. O empresário fazia a seguinte maracutaia assim: Reunia um ou dois integrantes de uma banda renomada e colocava junto nome a palavra “New”, o Stepenwolf, que chegou a chamar-se New Steppenwolf, mas apenas dois integrantes que passaram pela banda, o baterista Dick Jurgens e o guitarrista Tony Flynn é que foram membros originais.


Em 1980, o Deep Purple já havia sido dissolvido fazia seis anos, mas Green queria trazer o Deep Purple de volta ativa, pois esse retorno causava um enorme burburinho na imprensa especializada e principalmente nos milhões de fãs saudosos deixados para trás. O empresário para executar seu plano entrou primeiramente em contado com Rod Evans, que havia participado da primeira encanação do grupo conhecida por MK I, e durante essa passagem deixou registrado os álbuns Shades of Deep Purple (1968), The Book Of Taliesyn (1968) e Deep Purple (1969), todos muito bem procurados e igualmente bem vendidos, e aceitou participar dessa farsa, aliás, foi o único, pois foram procurados David Coverdale, Nick Simper e todos os outros ex-membros banda, mas nenhum deles aceitou exceto Rod Evans, os outros apesar de estarem encaminhados em seus projetos e bandas não aceitaram porque jamais protagonizariam um golpe destes.

Seguindo-se esses fatos eles criaram o “New Deep Purple”, o único integrante original que aceitou foi Rod Evans e, portanto, foi ele mesmo quem ficou a frente, mas não ficou sozinho e para a guitarra foi escalado Flynn e para bateria Jurgens os outros músicos eram desconhecidos, o baixista era Tom de Rivera e o tecladista era Geoff Emery. O outro passo de Green confiante de que sairia bem sucedido em sua picaretagem foi registrar o nome Deep Purple, no escritório de patentes ignorando o fato do nome já ter registro. A banda saiu em digressão pelos EUA e no México, agendando datas e indecorosamente estampando o nome Deep Purple nos cartazes dos shows, mas sem a expressão “New”.


Durante essa turnê realizaram onze shows entre maio e setembro, nos EUA e no México, mas o shows terminaram mal, pois além de perceber o embuste, a banda tocava muito mal as músicas e o resultado eram tumultos, pancadarias. O ápice desse embuste aconteceu em 1980, no Canadá, em Quebec onde durante uma apresentação ao começarem tocarem Just Mighty Take Your Life, o vocalista disparou: “Esta é uma faixa do nosso álbum Burn!”, para a plateia aquelas palavras soaram como uma bomba e em resposta mandaram uma saraivada de vaias e atirar objetos em cima do palco e para piorar o microfone de Evans pifou ao final da canção. A plateia foi ficando cada vez mais instável e sem paciência para aturar aquilo e o vocalista anunciou Space Truckin e nesse momento um dos presentes no show já cegado pela revolta atirou uma cadeira, que caiu perto da bateria e Rod vazou do palco temendo o pior.

A banda ficou e tentou terminar a canção, mas as vaias continuavam cada vez mais altas e mais fortes e os objetos continuaram a voar para cima do palco, e uma cadeia atingiu em cheio a bateria, a plateia aplaudiu o ocorrido e o mesmo após, pois a banda havia retirando-se do palco, mas após dar um pequeno intervalo, Tonny Flynn voltou ao palco, pegou o microfone e disparou: “quem quiser ver o verdadeiro Deep Purple está convidado a ficar. O resto de vocês, vão se fuder”. Depois disso, a situação ficou insustentável e a plateia respondeu com o dobro de vaias e de objetos obrigando Tony a se mandar para junto dos seus colegas e assim como eles não voltaram mais, o show foi encerrado.


Só que a lição do dia 12 de agosto não foi suficiente para Green, Rod Evans e os demais membros dessa farsa aprenderem que aquilo não daria certo e resolveram continuar e no show do dia 19 agosto, em Long Beach, tinha uma novidade no cartaz do show, pois nele constava o seguinte: Deep Purple featuring Rod Evans, indicando que ele era o único membro da banda que participaria do show. Na parte inferior do cartaz constava que todos os outros membros como: Coverdale, Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Jon Lord, Glenn Hughes, Roger Glover e Ian Pace não estariam presentes nesse evento. Na capital mexicana, Cidade do México, em junho de 1980, o show foi realizado em um estádio de rugby, as portas e os gols do local foram destruídos. Em outro show nos EUA, no Estado de Massachussetts, os 300 pagantes tentaram de todas as formas agredir os integrantes da banda durante o show. Só que essa picaretagem não ficaria barata para os golpistas, pois os verdadeiros membros do Deep Purple processaram Rod Evans, o empresários e todos os envolvidos nessa falcatrua por causa do uso indevido do nome Deep Purple. 

O saldo final dessa história foi que Rod Evans foi o mais prejudicado, pois foi condenado a pagar seiscentos e cinquenta mil libras e perdeu os royalties sobre os discos que gravou, mas após esse vexame retirou-se do cenário musical para sempre, dizem que atualmente exerce a medicina. Os prejuízos causados pelos desastrosos concertos realizados pelo grupo recaíram sobre eles que foram obrigados a indenizar os estabelecimentos vandalizados devido aos tumultos e consequentes depredações. Na época, o tecladista, Jon Lord falou sobre o caso com a imprensa e deu a seguinte declaração: “Evans foi um idiota, eles não se importavam se a coisa mancharia um nome que levamos tantos anos para construir. Todos ficamos tristes com o caso e se não tivéssemos brigado na justiça americana por seis meses, eles poderiam ter gravado com o nome de Deep Purple, o que teria sido a pior das mentiras”. De fato havia a intenção de ser gravado um novo álbum, que seria lançado em novembro de 1980, existiam duas faixas intituladas "Blood Blister" e "Brum Doogie", mas as fitas desapareceram. O Deep Purple original como todos conhecemos no caso o MK II para a alegria geral da nação de Deep Purple maníacos só retornaria em 1984, com o álbum Perfect Strangers. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário