domingo, 15 de março de 2015

Entre o passado, o presente e o futuro, a espera de dias melhores.


Quando eu era mais jovem, ou seja, tinha os meus 15 anos já contava com um número considerável de discos, isso aconteceu em 1990 e o meu sonho era chegar aos 30, 40 anos rodeado por alguns milhares deles. Comprar um disco era uma experiência bacana, nas lojas você entrava num universo a parte onde todas as diferenças se encontravam e trocavam assunto referente à música. Quando ia para casa com as sacolas abarrotadas de discos e os colocava um a um para ouvi-los sempre procurava extrair os hits e depois é que me interessava em ouvi-lo inteiro para saber se realmente iria gostar daquela coleção de canções inéditas, mas geralmente passava tanto tempo com esses discos e era inevitável não se apaixonar por elas todas.



Assim ao longo dos anos você vai adquirindo conhecimento sobre o gênero que você gosta e o que é raro nele, e o mais legal é ver a sua estante cada vez mais ficando cheia de raridades. É sempre bom ter muitas opções de gêneros quando você quer ouvir algo diferente, ou seja, sair da rotina do dia a dia, e partir para outras praias aparentemente distantes. As amizades conquistadas nesse meio, à formação de grupos que se reúnem para ouvir os bolachões e zanzar pelas lojas e pelas feiras de vinil que pululam Brasil afora, são a melhor parte dessa história construída em anos de dedicação.

Hoje é muito mais do que aquelas perguntas sobre quais discos levar para uma ilha deserta ou qual a melhor fase deste ou daquele artista que você tanto gosta, compra todos os discos, quinquilharias e vai ao show. Se eu tivesse que fazer uma lista de discos para ir para uma ilha penso que o navio não teria lugar e hoje não saberia dizer qual a melhor fase deste ou daquele artista, pois com o tempo o amadurecimento leva a outras considerações sobre o que você considerava ser bom no passado.  

Hoje o legal de ser um cara já experimentado, ou seja, um colecionador com uma boa quilometragem rodada e ser de uma época onde a música era rara é que você pode fazer uma lista com os discos raros e fora o conhecimento sobre a história que envolve a fabricação dele nos mínimos detalhes. O lado chato quando se olha para a realidade dos dias de hoje é ver que as lojas que forneciam um espaço de sociabilização único pularam para dentro das redes sociais assim como as lojas e o contato se resumiu a estar sentado atrás de uma máquina compartilhando fotos e comentários,  bate papos muito bacanas, mas por outro lado não satisfazem o vazio deixado pela ausência desses espaços mágicos.

Não sei o que o futuro aguarda, mas com base no presente penso que as coisas irão mal mesmo, ou seja, serão tempos cada vez mais sombrios. Ainda assim estarei lá com os meus discos e os raros amigos para ver o apocalipse chegar e quem sabe poder dar uma risada bem sarcástica. Hoje o passado manda lembranças e existe um caminho de resistência onde posso estar a minha maneira sem me desesperar. Só gostaria de fazer mais amizades, mas sem interesses materiais, só pela música, literatura da vida que tem cada capítulo interessante para se ler no tempo, as boas lembranças de dias que se foram e poder esperar com o entusiasmo daqueles dias os novos tempos.  





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