Quando eu era
mais jovem, ou seja, tinha os meus 15 anos já contava com um número
considerável de discos, isso aconteceu em 1990 e o meu sonho era chegar aos 30,
40 anos rodeado por alguns milhares deles. Comprar um disco era uma experiência
bacana, nas lojas você entrava num universo a parte onde todas as diferenças se
encontravam e trocavam assunto referente à música. Quando ia para casa com as
sacolas abarrotadas de discos e os colocava um a um para ouvi-los sempre
procurava extrair os hits e depois é que me interessava em ouvi-lo inteiro para
saber se realmente iria gostar daquela coleção de canções inéditas, mas
geralmente passava tanto tempo com esses discos e era inevitável não se
apaixonar por elas todas.
Assim ao longo
dos anos você vai adquirindo conhecimento sobre o gênero que você gosta e o que
é raro nele, e o mais legal é ver a sua estante cada vez mais ficando cheia de
raridades. É sempre bom ter muitas opções de gêneros quando você quer ouvir
algo diferente, ou seja, sair da rotina do dia a dia, e partir para outras praias
aparentemente distantes. As amizades conquistadas nesse meio, à formação de
grupos que se reúnem para ouvir os bolachões e zanzar pelas lojas e pelas
feiras de vinil que pululam Brasil afora, são a melhor parte dessa história
construída em anos de dedicação.
Hoje é muito mais
do que aquelas perguntas sobre quais discos levar para uma ilha deserta ou qual
a melhor fase deste ou daquele artista que você tanto gosta, compra todos os
discos, quinquilharias e vai ao show. Se eu tivesse que fazer uma lista de
discos para ir para uma ilha penso que o navio não teria lugar e hoje não saberia
dizer qual a melhor fase deste ou daquele artista, pois com o tempo o
amadurecimento leva a outras considerações sobre o que você considerava ser bom
no passado.
Hoje o legal de
ser um cara já experimentado, ou seja, um colecionador com uma boa
quilometragem rodada e ser de uma época onde a música era rara é que você pode
fazer uma lista com os discos raros e fora o conhecimento sobre a história que
envolve a fabricação dele nos mínimos detalhes. O lado chato quando se olha
para a realidade dos dias de hoje é ver que as lojas que forneciam um espaço de
sociabilização único pularam para dentro das redes sociais assim como as lojas
e o contato se resumiu a estar sentado atrás de uma máquina compartilhando
fotos e comentários, bate papos muito
bacanas, mas por outro lado não satisfazem o vazio deixado pela ausência desses
espaços mágicos.
Não sei o que o
futuro aguarda, mas com base no presente penso que as coisas irão mal mesmo, ou
seja, serão tempos cada vez mais sombrios. Ainda assim estarei lá com os meus
discos e os raros amigos para ver o apocalipse chegar e quem sabe poder dar uma
risada bem sarcástica. Hoje o passado manda lembranças e existe um caminho de
resistência onde posso estar a minha maneira sem me desesperar. Só gostaria de
fazer mais amizades, mas sem interesses materiais, só pela música, literatura
da vida que tem cada capítulo interessante para se ler no tempo, as boas
lembranças de dias que se foram e poder esperar com o entusiasmo daqueles dias
os novos tempos.
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