Dez discos para você conhecer a música de Bob Dylan.

Poucos artistas possuem uma discografia tão extensa e tão cultuada e idolatrada, o fato é que anos de 1960 e 1970 foi quando saíram os melhores e mais emblemáticos discos da carreira de Dylan. Um poeta místico engajado na luta pelos direitos civis, ou seja, ele militou e cantou sobre e a favor do fim da segregação racial. Música folk revolucionária para protestar que se funde a outros gêneros como rock e country e se eletrifica e eletrocuta os ouvidos, as mentes e os corações. Dos anos de 1980 até atualidade Bob Dylan se manteve lançando discos fracos, bons e clássicos, porém sempre relevante e com energia de sobra. O lance desse post é indicar dez discos para você correr atrás o mais depressa possível, para conferi-los nota por nota, letra por letra e se possível fazer a loucura de adquiri-los todos de uma vez só. 

Esse é o segundo álbum e nele Bob Dylan a exemplo do primeiro que é tão bom quanto este toca sozinho o violão e a gaita, ele não tinha banda de apoio. Além de todas serem de sua autoria, o hit "Blowin' in the Wind" que marcou sua carreira está aqui e é ele quem faz as honras de abrir. Além de outros sucessos como: “Girl From the North Country”, “Masters of War”, “A Hard Rain's A-Gonna Fall”, “Don't Think Twice, It's All Right” traz também as faixas autobiográficas "Bob Dylan' Blues" e "Bob Dylan's Dream". Esse é um dos melhores não só da carreira dele, mas um dos maiores do rock em todos os tempos.

Neste álbum, o quinto, da carreira Bob Dylan já não aparece mais sozinho, ou seja, aqui ele está acompanhado por uma banda de apoio e com um detalhe, o som é eletrificado. Essa novidade gerou críticas da parte dos fãs mais radicais do folk, que consideravam tal uso uma heresia. Assim todos os anteriores tiveram seus hits esse também tem os seus e o primeiro é a faixa de abertura"Subterranian Homesick Blues", mas o álbum felizmente não fica só nisso e faixas como "Maggie's Farm", "Mr. Tambourine Man", "It's Over Now, Baby Blue", It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding)" se destacam fazendo deste um dos principais álbuns dessa sólida discografia. 

Acompanhdo de músicos de talento singular como: Al Kooper e Mike Bloomfield (um gênio da guitarra, Bob Dylan lança o sexto álbum de sua carreira. Assim como os demais cujos hits abrem fazem as honras de abertura aqui é "Like a Rolling Stone" que começa o festival de rock inspirados a começar por ela, que é uma das mais embelmáticas e enigmáticas. Como aqui o negócio é rock na sequência quem desfila bonito é "Tombstone Blues" e a inspiração, a critividade falavam tão alto que se espraivam pelo álbum por igual, mas "Just Like Tom Thumb's Blues", "Ballad of a Thin Man", "Desolation Row" e a própria faixa título exigem citação.     

Todo artista tem a sua obra prima e com Bob Dylan não foi diferente e aqui está o seu "magnum opus". Um disco longo (duplo), denso e muito particular que se refletem nas letras e, portanto, são consideradas as melhores já escritas por ele. A genialidade do rapaz de 25para 26 anos a época era de causar arrepios e arrancar muitos suspiros. Os destaques desse álbum são: “Rainy Day Women #12 & 35”, “Pledging my Time”, “Visions of Johanna”, “I Want You Stuck Inside of Mobile with the Memphis Blues Again”, “Leopard-Skin Pill-Box Hat”, “Just Like a Woman”. “Temporary Like Achilles”.

Durante o tempo em que recuperava de um acidente de moto que sofrerá em 1966, Bob Dylan gravou várias músicas com a The Band, mas nenhum delas foi usada em álbum antes de 1975. As composições deste álbum são diferentes daquelas. Escoltado pelos músicos Peter Drake, Kenneth A. Butrey e Charlie McCoy, Bob Dylan gravou um dos grandes álbuns de sua carreira. Os destaques ficam com "The Ballad of Frankie Lee and Judas Priest" e "All Along the Watchtower" que seria coverizada por Hendrix em Electric Ladyland, em 1968. 

No começo dos anos de 1970, Bob Dylan escorregou em meio a álbuns medianos e acabou também mudando de gravadora. Essa mudança durou pouco, Blood On The Tracks além de marca a volta a Columbia Records também marca a volta por cima e o reencontro com o sucesso. Esse não conta com a parceria da The Band, mas é tão bom quanto, pois afinal de contas tem o selo de qualidade Bob Dylan. Este álbum já é mais pessoal por onde rolam as mágoas da sepração de sua esposa. Nos destaques temos "Tangled up in Blue", "Idiot Wind", "If You See Her, Say Hello" e "Simple Twist of Fate".      

Bob Dylan estava de molho devido ao acidente de motocicleta em 1966, e no outono de 1967 estava gravando várias canções com a The Band. Nesse ano o cara lançou apenas uma coletanea e mais um álbum de inéditas. Essas canções esperaram oito anos para serem prensadas em vinil, ou seja, ela viraram um álbum de "inéditas" somente em 1975, pois antes disso a própria The Banda havia utilizado em Music From Big Pink de 1968, as faixas “Tears of Rage”, “This Wheel's on Fire” e “I Shall Be Released e o The Byrds por sua vez gravaram "You Ain't Got Nowhere" e "Nothing Was Delivered". Um álbum de primeira linha é isso que os fãs puderam conferir nesse trabalho com a assinatura dessa parceria.     

O último grande momento de Bob Dylan na décadade 1970 está em Desire. Lançado em 1976, este álbum traz uma coleção de canções geniais, as canções já haviam sido apresentadas ao público durante a Rolling Thunder Revue, em 1975, turnê do álbum anterior. O maior hit desse álbum é a faixa de abertura "Hurricane" um protesto contra a prisão injusta do boxeador Rubin Carter, que havia sido condenado por um homício que não cometeu, ou seja, foi vítima de racismo estatal (teve a vida destruída). "Mozambique" não é uma canção de protesto e sim romântica e o país recém independente de Portugal é usado como paisagem para a canção, apesar de uma pequena passagem "pessoas que vivem livres" dava margem para um interpretação dela como música de protesto, "Romance in Durango, "Joey" e "Sara" encerram a lista de destaques.    

Depois de uma maré de discos meia boca na década de 1980, Bob Dylan volta a fazer as pazes com o sucesso, pois Time Out Of Mind é um dos registros mais brilhantes de sua carreira. A exemplo dos dois álbuns anteriores Good As I Been to You (1992) e World Gone Wrong (1993), Bob Dylan usou apenas harmônica e violão. Este é mais um álbum pessoal, pois na época Dylan estava terminando a casa dos cinquenta anos e reflexões sobre a vida e uma possível morte sempre existem, pois quando somos jovens pensamos que tudo é eterno, mas quando chegamos a meia idade a ilusão acaba. O álbum recebeu além de boas críticas, alguns Grammys além do prêmio de melhor álbum do ano, mas não era para menos, pois com canções do quilate de "Dark Road Blues", "Not Dark Yet", Can't Wait"e a longa "Highlands" diziam que o mestre ainda tinha lenha para queimar antes de partir para o outro lado.  

Modern Time é um dos grandes álbuns apesar de recente pode ser considerado um clássico dos novos tempos. Este álbum mostra muito sobre Dylan e a sua força e que um banda pode fazer dentro de um estúdio, ou seja, é por outro lado a prova de que a terceira idade não um limitador como muitos pensam. Bob Dylan entrou com o pé direito no novo milênio com o aclamado Love and Theft (2001) e a contiuidade explodiu com Modern Times, que mostrou um artista renovado e preparado para os novos tempos mesmo sem largar as suas origens. Se caso você o encontrar em qualquer loja dando sopa não deixe essa oportunidade escapar e abrace-o imediatamente, pois hoje não é fácil encontrar um álbum com músicas "Spirit on the Water", "Someday Baby" entre muitas outras. 

Bônus

É sempre bom ter um bônus e aqui está ele, pois seria injusto desconsiderar por completo a década de 1980 que apesar de ter marcada por álbuns fracos, e essa decida rumo ao fundo do poço parecia ser inevitável e ainda por cima sem volta, mas no final da década eis que ele ressurge com um disco que o fez renascer e mais uma vez o gênio que parecia vencido não se rendeu e através de faixas como "Everything is Broken", "Ring Then Bells" e a blues "Man in the Long Black Coat" mostravam novos horizontes para novos tempos.