sábado, 28 de fevereiro de 2015

Rolando na Vitrola: Riot - Narita (1979)

         
O Riot foi formado em 1975, pelo guitarrista Mar Reale e pelo baterista Peter Bitelli e para completar a banda convidaram Phil Feit para tocar o baixo, para cantar Guy Speranza. O primeiro trabalho de estúdio do quarteto foi uma fita demo de quatro faixas cuja ideia era coloca-las em uma coletânea com outras bandas desconhecidas, mas como o projeto não decolou, eles adicionaram Steve Costelo nos teclados. 



Mark Reale distribuiu as fitas demo entre os produtores de New York, e elas acabaram caindo nas mãos de Billy Arnel e Steve Loeb, proprietários do Greene Street Recording Studio e da etiqueta independente Fire-Sign Records. O tão sonhado projeto, a coletânea, foi de pronto rejeitado, porém ofereceram um contrato que foi aceito de pronto pela banda que passava, a partir de então, a ser membro do cast do pequeno selo. O Riot ainda teve outra mudança na formação, e dessa vez, além do tecladista, adicionaram Louie Kouvaris como segundo guitarrista.

Essa formação estreiou em 1977, com Rock City, o álbum possuía canções de peso como o hit Overdrive e já dava indícios do que viria pela frente. O álbum chamou a atenção no cenário e esse furor rendeu turnê como suporte para o AC/DC e para o Molly Hatchet, ou seja, as coisas haviam começado bem e estavam funcionando para os caras. No começo de 1979, as finanças iam realmente mal e o fim parecia estar os alcançando precocemente.

Só que os rumos pareciam mostrar outros caminhos que os tirariam das dificuldades, em 1979 estava surgindo na Inglaterra a NWOBH, um movimento novo, original, revitalizador do heavy metal e o som do Riot tinha haver com o que estava estourando por lá, Neil Kay, um DJ, que havia escutado e gostado muito de Rock City começou a tocar o álbum e a divulga-los na Meca do rock.

Os britânicos abraçaram o som e começaram a importar Rock City, as vendas positivas serviram para incentivar os produtores Arnell & Loeb a investir na segunda empreitada do Riot. Nesse interregno ocorre outra baixa no line-up devido a saída de Louie Kouvaris, no seu lugar assumiu Rick Ventura que era roadie. As sessões de gravação aconteceram em New York, no Big Apple Recording Studio, em 1979 e no mês de maio Narita desembarcou nas lojas, mas apenas no Japão e posteriormente atravessou a terra do sol nascente para também aterrissar na Inglaterra e nos EUA.

A sonoridade estava mais refinada que a de Rock City, mas estava igualmente pesada e agressiva. Transitava-se entre o heavy metal e o hard rock com originalidade, as guitarras gêmeas se sobre saiam com os vocais rasgados de Guy Speranza, o Riot havia criado uma obra prima do gênero. Narita abre com “Waiting For The Taking” carregada de suas influências setentista repleto de melodias grudentas, um solo contagiante e pegajoso eram as portas de entrada para o talento que a banda transpirava pelos poros.

“49er” apresenta sonoridade cadenciada e fica mais excitante com os vocais de Speranza se desenrolando sobre os riffs no mesmo ritmo, essa faixa pode ser considerado um dos grandes momentos do álbum. “Kick Down The Wall” é aquela música cheia de feeling, ou seja, é cara do heavy metal cheia de riffs e solos e com um refrão também matador é outro excelente momento registrado na bolacha. “Born To Be Wild” esse cover funcionou perfeitamente, a versão dos caras é bem superior a original deixando a faixa mais pesada e agressiva.

“Narita”, a faixa título”, é instrumental e cabe a ela a missão de fechar o lado A, com boa dose velocidade e melodias muito bem encaixadas, enfim uma faixa genial. O lado B começa com “Here We Come Again” também entra no perfeito clima dos anos de 1970, remetendo diretamente ao Judas Priest com os riffs fortes, pesados e bem marcados e bem acompanhados pelo baixo e bateria que impõe respeito. “Do It up” conta com melodias mais rápidas de guitarra e vocais que esbanjam potência na sua agressividade e rasgam a mente. “Hot For Love” é a cara da NWOBHM, pesada, melódica dona de riffs agressores e tão sexual quanto as sua letra.

“White Rock” é uma faixa simples, heavy metal tradicional cru e direto, os riffs, os solos e os vocais se sobre saem fazendo desse conjunto de elementos, o perfeito casamento.  “Road Racin’” é perfeita para fechar o álbum que desde o início não fez nenhuma concessão e só fez os ouvidos derreterem com os riffs, os solos, as linhas de bateria insanas, enfim um final apropriado para um disco clássico. A Capa do álbum criada Steven Weiss trazia uma paisagem inóspita com o mascote do grupo pisando em crânios e com um machado na mão.

Apesar de ser um disco clássico, Narita foi não um grande sucesso comercial e o Riot apesar de ser uma banda conhecida também não alçou altos níveis de popularidade e vendagem de seus álbuns, mas apesar disso fica patente a contribuição direta da banda para o heavy metal, e já apontava os caminhos que o gênero tomaria na década seguinte. Era o encerramento com chave de ouro do Riot para uma década tão frutífera e prospera e emocionante que marcou indelevelmente a vida de muitos jovens e que no futuro ainda faria eco e muito estardalhaço e assim como a posterior se recusaria a desaparecer.


Faixas:

A1 Waiting For The Taking
A2 49er
A3 Kick Down The Wall
A4 Born To Be Wild
A5 Narita

B1 Here We Come Again
B2 Do It Up
B3 Hot For Love
B4 White Rock
B5 Road Racin’ 

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