segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Rolando na Vitola: Picture - Diamond Dreamer/Picture I & Eternal Dark/ Heavy Metal Ears


Nos anos de 1980, a Inglaterra, ainda estava comandando o rock, pois o que de melhor surgiu na década anterior surgiu por lá, porém outro movimento surgia por lá, ou seja, era a revitalização do heavy metal que ficou conhecido por NWOBHM. Esse movimento foi um dos períodos mais marcantes da música cuja explosão foi ouvida além das terras britânicas, ou seja, outros países também foram influenciados e também revelaram suas bandas. Além do que se conhece, o tradicional, países como a Alemanha, Bélgica, Espanha e a Holanda também tiveram seus grandes nomes que marcaram território além de suas pátrias.




O Iron Maiden, Def Leppard, o Saxon e outros não estavam sozinhos, eles estavam escoltados por outras bandas de enorme talento, a Holanda por exemplo tinha várias bandas, mas a maior deles sem dúvidas era o Picture. Esses neerlandeses construíram de 1980 a 1983, um legado sólido através dos álbuns Picture I (1980), Heavy Metal Ears (1981), Diamond Dreamer (1982) e Eternal Dark (1983), que deixaria numa posição excelente junto aos seus fãs no exterior. Aqui no Brasil os álbuns foram lançados na época e agora ganharam relançamento em cd, no formato 2 em 1, mas não está em ordem cronológica, Heavy Metal Ears está junto do Eternal Dark e o Diamond Dreamer está junto com o Picture 1. Para as pessoas que como eu que só tinham os abomináveis mp3 para ouvi-los e desejavam ter em suas coleções os álbuns originais agora podem tê-los em suas estantes por um preço acessível, graças a Hellion Records que teve a sensibilidade de os lançar por aqui. 

Após esse período, digamos, glorioso as coisas tomaram outros rumos através de outros álbuns como Traitor (1984), Every Story Needs Another Picture (1985) e Marathon (1986) e as coisas acabaram degringolando, pois a mudança adotada nestes discos fez com que a banda perdesse popularidade e posteriormente encerrasse prematuramente a carreira. Em 2009, a banda realmente voltou a ativa com Old Dog, New Tricks resgatando o passado selvagem com um som explosivo e continua até hoje na ativa e tem também Warhorse o seu álbum mais recente que foi lançado em 2012.  

O primeiro álbum é sempre inesquecível ou você fracassa ou triunfa e entra de vez para o panteão dos ídolos, mas ainda assim aprende com os erros para na próxima caprichar e apresentar um álbum melhor. No caso do Picture a estreia foi marcante, ou seja, uma aula de heavy metal para não se botar defeito algum. Aqui os holandeses: Jan Bechtum (guitarra), Rinus Vreugdenhil (baixo) e Laurens "Bakkie" Bakker (bateria) acompanhados do vocalista Ronald Van Prooijen arregaçaram as mangas no Wisseloord Studios, em Hilversum, na Holanda, para mostrar o que sabiam e o que os ouvintes poderiam esperar desse quarteto. O som simples porém poderoso mostrava o heavy metal em seu estado mais puro e contraventor.      


Resumido a dez faixas, Picture I, lançado no ano de 1980 entrou de cara na disputa com o Black Sabbath, o Motörhead e mais uma galera igualmente sedenta que atravessou a década anterior e ainda tinha muita lenha para queimar, mas esse não era o problema para a rapaziada dos Países Baixos, pois "Street Fighter", a faixa de abertura já se encarregava da missão de apresentar a agressividade da banda que vinha com tudo para cima, ou seja, com dois pés nos peitos. "You Can Go" mostra outro lado forte que marca as composições, ou seja, o hard rock brilha por aqui, mas não se engane porque ainda assim não há concessões e, portanto, foge totalmente do Glam, as melodias dessa música grudam na cabeça. "Bombers" tem um pé lá anos 70, mas mostra muita personalidade e esbanja velocidade nos riffs. 

"No more" é a cara dos anos de 1980, vocais altos, riffs, solos, peso e agressividade, ou seja, um clássico. "One Way Street" atropela com o bumbo duplo veloz, remete direto ao Accept e sua ultra veloz Fast As Shark. "You're a Fool" caminha na estrada melodiosa e pegajosa do hard n' heavy, porém é crua e direta sem frescuras. "Get Back or You Fall" é outra música tocada na velocidade máxima, mas não há porque se preocupar com os radares de velocidade, com os bafometros, pois não são necessários, pois quanto mais veloz, agressiva for melhor, pois a trombada é para estragar a cabeça, as faixas "Rockin' In Your Brains" e "He's A Player Fear" é outro heavy metal desconcertante som para tirar do chão, porém a primeira faz lembrar Deep Purple com os seus teclados. "Fear" é uma balada, que fecha o álbum em grande estilo, o primeiro ato do grupo. 

Heavy Metal Ears, o segundo álbum dos holandeses foi um grande passo a frete, a formação ainda era a mesma que registrou o álbum de estreia. As influências do hard rock setentistas ainda estão presentes, o heavy metal, o hard rock falam muito alto em todos os momentos, ou seja, transpiram por todos os poros contaminando todos com o vírus de sua música poderosa que a cada passo agigantava-se ainda mais. Nota-se até a influência de grupos como Saxon e Motörhead, ou seja, os caras estavam dentro do círculo e o manteriam ativo. Os trabalhos de gravação deste álbum também aconteceram no Wisseloord Studios, em Hilversum, na Holanda e no ano de 1981,o novo trabalho vê a luz do sol. A produção foi assinada em conjunto por Pete Hinton, Ton Van Der Bremer e pela banda.


Apesar de ter todas as influências citadas e ser um grande passo a frente, os caras ainda estavam nas raízes do primeiro álbum, porém a evolução caminhava a passos aparentemente lentos. ""Heavy Metal Ears", a faixa título, é um convite para o heavy metal e, portanto, um hino do gênero cujo refrão é tão grudante e viciante que você canta sem se dar conta e quanto mais ouve mais quer repetir e acaba se esquecendo das outras faixas. E para não dizer que não falei das influências setentistas no estilo Deep Purple aqui vai "Spend Night With You" e se você não acreditar preste atenção no andamento da guitarra e nos demais instrumentos. "Unemployed" cuja letra fala sobre as desventuras dos desempregados, dias duros pedem riffs igualmente pesados. "I'm Just a Simple Man" remete diretamente ao Motörhead, a velocidade dos bumbos, dos riffs são massacrantes é para bater cabeça até estourar os miolos. 

"Funky Down" é daquelas faixas que já vão direto ao assunto e já te participam da festa logo de cara, nada fica para depois com as levadas de guitarra e os vocais altos, ou seja, é vício puro que nem precisa de cura. "Out of Time" realmente te deixa fora do tempo com a velocidade colada no fim ponteiro, ou seja, é heavy metal rápido além dos limites, as infuências nem são preciso dizer porque estão nada cara. "Nighttiger" remete diretamente ao hard n' heavy bem explorado e explorador de cabeças, a mente fica aguçada girando febrilmente em volta do refrão, que som é esse!! "No No No" essa eu pensei que fosse cover do Deep Purple já que as influências são nítidas, mas me enganei, o que você encontrar aqui é aquele heavy metal tradicional que faz virar tudo e quando você se da conta está a parte da realidade. "Rock n Roll/Under Your Spell" fecha o álbum quebrando a banca e provando que a banda realmente vinha crescendo, pois havia pego a minha de compôr faixas atormentadoras como esta balada/heavy que remete ao Led Zeppelin e a sua "Stairway to Heaven",  o modelo para esse tipo de composição.  

No seu segundo álbum, o Picture, deu passo um grande a frente, mas em Diamond Dreamer esse passo foi ainda maior e bem mais a frente que o anterior, pois aqui é que as coisas começaram a se materializar de fato, o som estava mais maduro, ou seja, mais trabalhado e bem melhor lapidado, porém a banda sofreu a primeira baixa com a saída do vocalista Ronald e no seu lugar entrou Shmoulik Avigail que gravou o álbum, novamente no Wisseloord Studios, em Hilversum, na Holanda e dessa vez a produção ficou a cargo de Ton Van Der Bremer sem a participação de Peter Hilton que ao lado do pessoal da banda havia produzido o anterior. As faixas foram compostas pelo novo vocalista e por Jan, pois já haviam outras já prontas esperando o momento de serem registradas. 


A sonoridade aqui apesar de apresentar as influências de hard rock agora estava mergulhada por inteiro no heavy metal tradicional, as faixas apresentavam-se mais encorpadas e bem mais dinâmicas deixando o disco mais forte e pungente. Ao contrário do seu antecessor que já começou incendiário com a faixa título, Diamond Dreamer incendiou com "Lady Lightning" uma composição forte, pesada conforme o script do disco cuja missão era anunciar a nova cara da banda. "Nighthunter" segue forte na mesma linha e se encastela em sua muralha sonora arrebentando os muros e dobrando-te de joelhos e destruíndo resistência como se fosse um canhão panzer. "Hot Lovin'" é uma ótima pedida, ou seja, é aquela faixa para você ouvir enquanto fuma seu cigarro e bebe a sua cerveja despreocupadamente cuja atenção se fixa exclusivamente nos riffs de guitarra. Depois de uma trinca que serve de prelúdio para qualquer disco de heavy metal que se preze vem à cena Diamond Dreamer, a faixa título, um dos momentos mais altos do disco, ou seja, é o diamante do sonhador se materializando em suas mãos por completo e como pesa, como brilha essa jóia. 

"Message From Hell" retoma a velocidade, a agressividade, remete ao Judas Priest e a sua Exciter, do Stained Class (1978), enfim os britânicos ditaram as regras do que poderia ser feito naquele momento. "You're All Alone" é um destaque a parte por ser o títpico heavy metal tradicional da década de 1980, essa é para ser escutada no último volume. "Lousy Lady" vem com impregnada com a malícia do Hard n' Heavy, mas tem melodia e peso sobrenaturais. "The Hangman" vem na linha do Saxon, mas o destaque é para os vocais de Shmoulik. "Get Me Rock and Roll" e suas ótimas calvagadas de guitarra e seus refrões grudentos dão uma aula para quem quiser se aventurar a ter uma banda de metal. "You're Touching Me" assim como os seus antecessores encerra com uma balada, mas ao contrário dos outros não é uma balada qualquer ela faz lembrar Children of the Sea, do Black Sabbath. 


Este álbum marca a chega do Picture ao seu auge. Eternal Dark é um útimo grande álbum dos holandeses, último grande passo dado por eles. Este álbum trás duas novas caras, uma delas é o vocalista Pete Lovell que substituiu Shmoulik durante a turnê de promoção do Diamond Dreamer e a outra é saída do guitarrista Jan Bechtum e as entradas de Henry Van Manen e Chris van Jaarsveld, ou seja. a banda passa ser um quinteto tão fantástico quando o próprio quarteto fantástico. A produção novamente volta a ser assinada em conjunto, ou seja, por Pete Hinton (que já havia trabalhado com o Saxon), por Ton Van Den Bremer e pela própria banda. O Picture foi uma das grandes bandas da década de 1980, os caras deram uma ótima contribuição, mas infelizmente ficaram recônditos aqueles dias.


Apesar de Diamond Dreamer ser um ótimo álbum e não ficar devendo absolutamente nada a este, o grande clássico é este sem qualquer dúvida. O som gira em torno do heavy metal tradicional, mas também rola o diálogo forte com o hard rock assim como nos antecessores. A faixa-título, "Eternal Dark" abre esta jóia mostrando o refinamento do som que estava ficando cada vez mais pesado e também ganhando melodias mais envolventes e grudentas , o Hammerfall poucos anos atrás lançou um álbum de covers e fez uma versão para esta é preciso dizer mais alguma sobre a força deste disco, do impacto dele? "Griffons Guard the Gold" é aquela velha lição de heavy metal tradicional que arrebata na hora e te bota para bater cabeça descontroladamente. O hard hock voce ouve aqui, a faixa "Make You Burn" apresenta aquele som animalesco, vibrante e forte que explode nos refrões. A dupla de guitarristas é o destaque desse álbum, os caras fazem páreo qualquer banda de guitarras gêmeas, Pete Lovell destrói nas linhas vocais.  As influências de Judas Priest e Saxon são sentidas por todos os lados, o som dos caras ao longo desses poucos foi ficando cada vez mais encorpado melódico e ao mesmo tempo pesado, ou seja, era a cara daqueles dias, os caras são ícones. 

"Battle For The Universe" é daquelas speed, mas o som é mais refinado em relação as anteriores que vieram dessa forma, os bumbos mais rápidos, os riffs e os solos mais pesados e o baixo sempre marcante. "The Blade" é uma faixa explosiva é para pirar, a produção fez um excelente trabalho, remete diretamente ao Judas Priest, aqui não é hard é heavy no talo e o destaque é para as guitarras gêmeas e os riffs e solos geniais. "Flying Time" é para você voar nas estradas a fora, os vocais de Peter Lovell são arrasadores, os caras sabiam compor músicas diretas que falam direto ao cérebro. "Into the Underworld" retoma o peso do álbum a base de guitarras calvagadas e melódicas que controem uma parede sonora com virtuosidade. "Tell no Lies" é um heavy esfumaçado e avaladoramente pesado que te leva a lugares inimegináveis de sua consciência através de um peso incomum. "Power of Evil" vem com aquela levada sacana que remete aos primeiros discos, porém é muito mais refinada em relação as outras e mostra um capricho nas guitarras sem igual. "Down and Out" põe termo ao massacre sonoro promovido por Eternal Dark e forma espetacular deixando o gosto de quero mais, mas ao contrário do que se pensa não é uma balada que faz o serviço e sim um rítmo pesado, rápido e massacrante que te deurruba e te põe para fora do globo terrestre.   


    
   








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