quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Rolando na Vitrola: The Velvet Underground - White Light/White Heat (1968)


O primeiro álbum do Velvet Underground é de fato um ótimo álbum, ou melhor, um clássico. Só que comercialmente falando as coisas não foram bem para o grupo, que naquela época concorria com vários nomes que vinham no caminho oposto ao deles. Os temas abordados estavam navegando em outras praias, as experiências eram outras, portanto, refletia na música e causava espanto num público desavisado que ainda estava mergulhado no falacioso sonho hippie.



Entre grunhidos e cacofonias e algumas outras melodias simples, ou seja, básicas, emergia um som caótico e nada aprazível e consumível que estivesse fácil nas prateleiras da mente de qualquer pessoa comum, fãs de rock. Música experimental para ouvidos não tão exigentes, mas abertos a novidades que passavam bem diante dos ouvidos e olhos bem atentos. O segundo passo, de Lou Reed e seus comparsas seria um grande passo a frente e dessa vez a única presença feminina seria somente a baixista Maureen Tucker, pois Nicko virara fumaça. Enfim, White Light/White Heat é oposto de seu antecessor e assim como ele ganharia o status de álbum clássico com os anos. John Cale e Sterling Morrison junto com os outros dois são os autores responsáveis pelo nascimento dessa obra.   

As sessões de gravação rolaram de em 1967, durante o mês de setembro, o lançamento se deu no trigésimo dia de janeiro de 1968. O recheio do álbum, a parte alta começa com a faixa título que descreve os efeitos decorrentes do uso, abuso de anfetaminas, a roupagem sonora lembra uma banda praiana, porém gótica com guitarras distorcidas. “The Gift” é a narração de uma história musicada num ritmo tribal com algumas distorções e outros efeitos. “Lady Godiva Operation” é talvez a música mais emblemática da carreira do quarteto, o tema é um transexual lobotomizado. Fechando o lado A, vem a pop “Here She Comes Now” dotada de excelentes vocais e melodias singelas.

O lado B entra em ação com “I Heard Her Call My Name” se destaca pelos solos de guitarra distorcidos em nível máximo e inimaginado.  A segunda e última faixa do lado b é “Sister Ray”, nessa faixa longa de dezessete minutos, onde Lou Reed narra um conto de deboche cuja estrela da história é uma Drag Queen que falhou numa de suas orgias, a sonoridade que embala este conto é uma jam session que funciona através de três acordes.    


A capa do álbum é uma imagem de uma tatuagem de caveira, que o ator Joe Spencer, o protagonista do filme Bike Boy, de Andy Warhol, lançado em 1967. Embora Warhol não conste nos créditos, a ideia, para a embalagem foi dele, pois queria uma imagem preta por cima da tatuagem. Foi ele quem escolheu os negativos do filme que foi ampliada e distorcida por Billy Name, um dos membros do The Factory.  É difícil visualizar e distinguir a imagem da caveira impressa em um isqueiro preto no fundo.

A recepção do álbum causou certo constrangimento pelas letras que não eram temas nada agradáveis a época, pois contar sobre experiências sexuais fora das tradicionais relacionadas a orgias numa época que apenas os casais que dormiam juntos eram os casados em regra e falar sobre o uso de drogas publicamente não era nada de fácil compreensão e aceitação e somando a música que é uma verdadeira orgia experimental, que mexia com os sentidos, confrontando-os e os desafiando, mostravam na cara larga que eram um disco a frente daquela época. White Light/White Heat é uma álbum de muitos caminhos e que sempre teve muito a dizer e disse tempos depois influenciando movimento punk e alternativo do rock.

Apesar de suas vendas mirradas, o álbum, entrou na penúltima posição do Billboard 200  e para a história sendo citado pela Rolling Stone na sua lista dos 500 maiores discos de todos os tempos, ao lado de outros lançamentos. Enfim esse era o segundo passo de uma história curta, mas que deixou marcas indeléveis na história da música popular americana, no rock em geral que daria o que falar ao longo dos anos sobrevivendo repetidamente ao teste do tempo marcando preseneça constante nas vitrolas mundo a fora.    

Lista de músicas:


A1 White Light/White Heat
A2 The Gift
A3 Lady Godiava’s Operaton
A4 Here She Comes Now

B1 I Heard Her Call My Name   
B2 Sister Ray




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